Vivemos num mundo de merda sendo cagadas diariamente por informações inúteis em nossas cabeças. _Onde mesmo que eu li isso _Eu acho que já vi isso em algum lugar _Eu conheço essa musica _Ah não, era outra. Desespero, desenfreado, disfuncional. Sinto que morrerei por tentar engolir o mundo, minha cabeça se partirá e com um sorriso no rosto lembrarei quanto tempo perdi. Não existe morte feliz, existe apenas a vida.
Pequena visão de Bosch.
Bosch não pintava para ser apreciado, pintava para ser digerido, como em um grande banquete em que se come devagar e pausadamente para saborear cada pedaço.
“À esquerda dois homens encapuzados brincam de enfiar um galho de carvalho seco nos orifícios de outro homem que jaz dependurado pelo pescoço em outros galhos secos. Eles riem e saltam de um lado pro outro enquanto urram feito animais. Estão no alto de uma fortificação que separa o inferno e o purgatório. Ao redor da torre que tem a aparência de uma laranja insetos gigantes com o aspecto de ameixas com asas e cabeça de beija-flor circulam. Mais abaixo, ainda na esquerda um homem santo mutila homens com cabeças de animais que forçam a entrada tentando sair do inferno. Os membros mutilados caem numa vala comum.”
Depois que saem de mim as palavras já não me pertencem mais. Passam a ter vida própria.
Cada dia que passa eu vejo mais claramente que escrever é um dom. Um dom que eu não possuo.
“(...) violinista e compositor Giuseppe Tartini, que sonhara que o Diabo (seu escravo) executava no violino uma prodigiosa sonata; o sonhador, ao despertar, deduziu de sua imperfeita lembrança o Trillo del Diavolo.” Borges – Outras Inquisições
Imagem de Hieronymus Bosch
Musica Trillo del Diavolo – Giuseppe Tartini