domingo, 21 de novembro de 2010

Curtas


Vivemos num mundo de merda sendo cagadas diariamente por informações inúteis em nossas cabeças. _Onde mesmo que eu li isso _Eu acho que já vi isso em algum lugar _Eu conheço essa musica _Ah não, era outra. Desespero, desenfreado, disfuncional. Sinto que morrerei por tentar engolir o mundo, minha cabeça se partirá e com um sorriso no rosto lembrarei quanto tempo perdi. Não existe morte feliz, existe apenas a vida.

Pequena visão de Bosch.

Bosch não pintava para ser apreciado, pintava para ser digerido, como em um grande banquete em que se come devagar e pausadamente para saborear cada pedaço.

“À esquerda dois homens encapuzados brincam de enfiar um galho de carvalho seco nos orifícios de outro homem que jaz dependurado pelo pescoço em outros galhos secos. Eles riem e saltam de um lado pro outro enquanto urram feito animais. Estão no alto de uma fortificação que separa o inferno e o purgatório. Ao redor da torre que tem a aparência de uma laranja insetos gigantes com o aspecto de ameixas com asas e cabeça de beija-flor circulam. Mais abaixo, ainda na esquerda um homem santo mutila homens com cabeças de animais que forçam a entrada tentando sair do inferno. Os membros mutilados caem numa vala comum.”

Depois que saem de mim as palavras já não me pertencem mais. Passam a ter vida própria.

Cada dia que passa eu vejo mais claramente que escrever é um dom. Um dom que eu não possuo.

“(...) violinista e compositor Giuseppe Tartini, que sonhara que o Diabo (seu escravo) executava no violino uma prodigiosa sonata; o sonhador, ao despertar, deduziu de sua imperfeita lembrança o Trillo del Diavolo.” Borges – Outras Inquisições


Imagem de Hieronymus Bosch


Musica Trillo del Diavolo – Giuseppe Tartini


segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Décima Quinta


Na décima quinta ilha ouvi essa musica vindo de um fusca náutico com GPS:

A Mulher Que Eu Amo

Roberto Carlos


A mulher que eu amo
Tem a pele morena
É bonita, é pequena
E me ama também

A mulher que eu amo
Tem tudo que eu quero
E até mais do que espero
Encontrar em alguém

A mulher que eu amo
Tem um lindo sorriso
É tudo que eu preciso
Pra minha alegria

A mulher que eu amo
Tem nos olhos a calma
Ilumina minha alma
É o sol do meu dia

Tem a luz das estrelas
E a beleza da flor
Ela é minha vida
Ela é o meu amor

A mulher que eu amo
É o ar que eu respiro
E nela eu me inspiro
Pra falar de amor

Quando vem pra mim
É suave como a brisa
E o chão que ela pisa
Se enche de flor

A mulher que eu amo
Enfeita a minha vida
Meus sonhos realiza
Me faz tanto bem

Seu amor é pra mim
O que há de mais lindo
Se ela está sorrindo
Eu sorrio também

Tudo nela é bonito
Tudo nela é verdade
E com ela eu acredito
Na felicidade

Tudo nela é bonito
Tudo nela é verdade
E com ela eu acredito
Na felicidade...


Imagem de Autor desconhecido

Musica A Mulher Que Eu Amo - Roberto Carlos


sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Curtas


Caralho, to cansado que me apontem o dedo puta-que-ô-pariu, porque cada um não faz o seu e deixa que os outros façam o que quiserem?

Cansado de caminhar sozinho, me sinto na roda do arremessador de facas. Eu acho que ele ta tentando acertar. As pessoas jogam criticas, problemas, defeitos como se fossem de borracha, mas no fundo elas parecem estar querendo te acertar, te ferir. Depois de uma hora pra outra te chamam de máximo, parecido contigo, mesmo trejeitos. Tá foda, uma porrada atrás da outra e as cobranças não param.

Vontade de sumir, se eu sumir eles vão só me elogiar, é uma hipocrisia do caralho. Te criticam quando você esta perto, mas se você desaparece são puro elogio.


Qual é a graça da vida se é na morte que dão valor as coisas?


Exijam de vocês! Procurem alternativas porque eu pretendo me despedir cedo desse mundo. Assim que eu realizar o que eu quero essa vida já não fará mais sentido para mim.

Que tristeza come o meu peito. Provavelmente a minha alma se desprendendo do meu corpo.


A noite escura eu caminho com as baratas kafkianas. Metamorfose.


Tenho medo, de que eu tenho medo? Não tenho nada a perder e ainda assim tenho medo.


Imagem de Greg Olsen

Música Tal do Amor - Jay Vaquer

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Curtas


Procurei,

Acordei com o Senhor Martinho.

Imagem de Vivre sa vie, 1962 - Jean-Luc Godard
Música Mulheres - Martinho da Vila

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Curtas


Enquanto a academia dentro de sua fortaleza faz leituras enfadonhas de defuntos que ela insiste em ressuscitar o mundo lá fora grita batendo na porta de entrada. Apitaço, megafone, gritos de baderna, tudo que a academia parece ter abdicado pela leitura mortuária dos filósofos. Apresenta-se como um mausoléu e dentro dele se debatem aqueles poucos pensadores que ainda se reviram nos túmulos aos quais foram submetidos. A filosofia apesar de tudo ainda vive, vive na inocência das crianças que entram porta adentro do mausoléu.

Antes que sejam presos na cruz que idolatramos temos de salva-los para que eles e não nos, que já não temos essa força, quebrem as paredes do mausoléu e devolvam a filosofia ao mundo, lugar de onde nunca devia ter saído (se é que algum dia ela já tenha pertencido). Não vou aqui contra a história da filosofia portanto que ela não se torne o grilhão que prende o nosso pensamento. Se a história da filosofia tiver a necessidade de ser grilhão então essa historia tem que ser negada.


Pensar dói isso é certo, porém, também é prazeroso, talvez sejamos ao invés de amigos da sabedoria masoquistas do saber.


As cadeiras rangem no silêncio das leituras mortuárias.


Eu os odeio, sei que me olham e quando ô fazem, me coisificam. Isso me irrita, não queria que me vissem.

Queria ser invisível.


mestre-discípulo-mestre-discípulorevolucionário


Vamos quebrar a corrente.


Imagem de Johannes Vermeer

Artigo da Obvious

Musica Mora na Filosofia - Caetano Veloso