domingo, 28 de junho de 2009

Curtas


Desço escadas que sobem enquanto um pássaro sem asas com quatro patas nada atrás de mim. Por mais que eu corra não consigo me afastar do animal. Vejo uma seta e um homem com uma mala na mão, ele me dá uma chave prateada. A chave é uma porta que mesmo pequena ainda me permite entrar, porém o animal grande demais fica preso do outro lado da entrada. Estou em uma praia e meus pés gelam, minha boca seca procura a água do mar. Não a bebo e mesmo assim fico embriagado com o seu cheiro. O homem com a mala novamente aparece ao meu lado, dessa vez ele abre a mala e lá de dentro sai o pássaro, eu, bêbado, não consigo fugir. Ele me engole e lá acho Jonas. Pergunto aonde esta a saída e ele me aponta um canto, vou até o canto mais não vejo nada, ele trás um coração em sua mão esquerda que brilha iluminando o caminho. No canto vejo escrito a palavra fé. Pronuncio-a sem querer em voz alta, ela se contorce, Jonas se afasta, novamente o passaro surge e novamente me engole. Dessa vez o homem da mala é quem esta lá dentro, antes que ele possa abrir a mala eu pulo em cima dele o mais rápido que posso, afastando a mala pergunto lhe o que é tudo isso. O homem se transformado em peixe e responde: “é sur-real” e me engole de novo.

Imagem de René Magritte

domingo, 21 de junho de 2009

Curtas


Ultimamente tenho estado sem palavras.

E as palavras não têm se ligado muito em me procurar.

Mas as imagens, ah!, essas sim eu sempre tenho por perto.

Elas vão e vem num piscar de olhos e mesmo assim me atingem como uma parede de concreto. A arte é dura com aqueles que a fazem tanto quanto com aqueles que a procuram. Amante rebelde que a todos agride e mesmo assim é por muitos procurada. Não seria a filosofia uma arte desgastada? Já está na hora do novo subistituir o velho. Por uma filosofia material.


Imagem de Sir Lawrence Alma-Tadema

domingo, 14 de junho de 2009

Curtas


(tudo o que foi feito para agradar também pode ser feito para ofender, então...)

- Foi bom pra você?
-Você jamais saberá...

Tudo que não tem palavra. Não se diz. Nem se sabe si se sente (quanto “s”). Talvez tenhamos certeza de sentir, mas na medida em que não encontramos palavras pra dizer também não encontramos formas de mostrar. A não ser através de mais sentimentos. Afinal, se o que sentimos conseguimos fazer com que o outro sinta, ele ao sentir estará sabendo que não tem palavras. Porém nosso problema é cíclico. Continuamos na iminência de não saber em que medida, o que outro sente é o mesmo de que acabamos de nos dar conta de que sentimos e que tentamos fazê-lo, o outro, sentir. Talvez não possamos. Talvez não desejemos. Talvez não possamos nem ao menos querer. Talvez seja preciso nós contentar com o fato do prazer ser individual e individualizante. Talvez isso já seja um começo. Mas acredito estar mais pro fim.

Imagem de Gustave Courbet

domingo, 7 de junho de 2009

Curtas


...mas do que VOCÊ eu sempre fui EU...


sobrevém outros tantos...

...além de mim


turva minha visão de futuro...

o

r

a

g

i

...a fumaça do c


AS LETRAS SE TORNAM MAIORES

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No fundo do copo


...o f u t u r o s ó p a s s a p a r a a q u e l e s q u e j á n ã o o p o s s u e m e m s u a s mãos, aqueles que o controlam o tem sempre no presente...



Com o cigarro na boca e um balançar de copo que fazia as pedras de gelo tilintar ele balbuciava palavras que Mary não entendia. Mas fosse o que fosse as palavras pareciam dançar ao seu redor.


Já estava na hora dos dois irem embora.

Imagem de Kandinsky

(Experimentando)