A primeira vez, o primeiro beijo, a primeira fudida. Ah! a conquista, doce conquista. O nó da garganta, o frio na barriga. A vergonha. E depois o alivio, o conforto, ou então a preocupação, a humilhação. A vergonha. Como é bom sentir isso. E depois de cada briga, de cada incerteza voltamos a sentir tudo de novo. Mas o verdadeiro sentir vem apenas na primeira vez. Primeira vez de cada pessoa com cada pessoa. Cada um, um diferente. As peças que tentamos encaixar, e quantas vezes não as forçam até quebrá-las achando assim que nos as encaixamos. Mas na verdade o que muda não se encaixa, se transforma, já não é mais o mesmo. Si é certo eu não sei, se é errado também não.
Tinha os cabelos cacheados e todos os dias pela manhã sentava se no mesmo lugar, segurando apenas uma caneta, um tinteiro e um caderno de folhas vazias. E sentada todas as manhãs no mesmo lugar desenhava o seu mundo, através das folhas sem linhas em páginas e desenhos que não poderíamos reconhecer onde começavam e onde iriam terminar, pois não vivíamos naquele mundo criado. E até hoje eu ainda acho que certas páginas nunca terminariam.
Pudor.
Imagem de Max Ernst
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