domingo, 9 de maio de 2010

Curta


Estava parado no ponto de ônibus, era dia e minhas olheiras enormes informavam aos transeuntes que eu não dormia a semanas. Na mão um cigarro nos ouvidos o fone que vinha do meu celular, tocava Tim Maia.

É engraçado como as pessoas não se olham mais nos olhos, as vezes por um segundo trocam um breve olhar que logo depois desaparece. Parece que a informação é de mais, é como se um segundo a mais e os dois corpos inertes na grande confluência urbana os fizessem íntimos de mais.

Até que passou por mim um bebe, estava no colo, a mãe olhava pro chão enquanto andava, quase se escondendo, parecia rastejar. Porém a criança, com menos experiência social que a mãe, andava altiva, trocava olhares com tudo e todos, sem distinção. Foi quando ela me olhou, bem no fundo dos meus olhos, sua mãe que passava rápida por mim de cabeça baixa nada notou, mas a criança me olhou bem fundo e no canto da sua boca eu vi um breve esboço do seu sorriso. Confesso que ganhei meu dia.


Imagem de autor desconhecido

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