domingo, 12 de outubro de 2008

Vazio


(...)

(...)

Nem tudo que digo falo por palavras.

Cada segundo, cada instante, sempre novo, nunca o mesmo. Me peça coisas plausíveis. Não me insira nos comuns. Sua intensidade me sufoca. Nunca imaginei que gostaria tanto de ser sufocado. Durma comigo uma vez na sua vida. Pois saberá que o que vê durante o dia não muda com as estações. Quando chorar me diga, pois não quero que chores. Si choras por mim, não me desejes mais. O tempo passa. As palavras não fazem mais sentido algum. Não expressão mais o que eu sinto. Me abrace, se sufoque. Se não sabe o que eu sinto é porque nem mais meus atos fazem sentido. Mais isso, isso, isso, i...s...s...o eu não posso aceitar.

Silencio
Olhar
Lagrima
Dor

Ilha minha, só minha. Só nela minhas palavras vão sempre fazer sentido. Pois nela, na minha ilha, só eu é que sinto.

Confia.
Pode confiar naquilo que não vê? Pode confiar no oposto do que sentes? Acho que não. Mais não tenho a resposta definitiva.

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Chegou em casa. Tirou as chaves do bolso. Abriu a porta que rangia. Pegou o telefone e ligou.
Com a roupa que ainda fedia a cigarro sentada na cama não pode entender como confiar tanto em si e duvida daquele que lhe dava sentido. Desligou o telefone. Ninguém lhe atendia. Em casa era pura duvida. Antes, quando ainda na rua, pura certeza. Mais uma vez pegou o telefone. Nada. Três. Quatro. Cinco.

Maria -Alo!
Antonio -Oi, tudo bem.
Maria -Não.
Antonio -Porque?
Maria -Porque você não atendeu.
Antonio -Desculpa eu não havia sentido o celular vibrando.
Maria -Porque você não me atendeu?
Antonio -Porque eu não ouvi o celular tocando.
Maria -Estava preocupada, porque não me atendeu?
Antonio -Simplesmente não tinha visto.
Maria -Estou chateada com você.
Antonio -Eu sei.
Maria -Sabe porque?
Antonio -Sim.
Maria -Porque?
Antonio -Porque me ama.

Em silencio Maria sorriu. Aquilo por alguns segundos respondeu todas as suas duvidas, todas as suas aflições. Afinal ele poderia não ter escutado o telefone, só isso.

Antonio –E tem mais.
Maria –Tem?
Antonio –Eu também te amo.
Maria –Boa noite.
Antonio –Boa noite.

Dormiu tranqüila, serena como a noite enluarada que Antonio via da rua.

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Até quando as palavras vão ser tão vazias? Ou será que vazias são as pessoas que as escutam? Acho que não. Mais não tenho a resposta definitiva.

Vazio.
Cheio.

Imagem de Alma-Tadema, Sir Lawrence

2 comentários:

Vicky disse...

(...)
acho que escreveria um texto, quase um capitulo de um livro para responder esse seu texto, que na verdade suponho que sejam dois.
Mas prefiro não me estender.

NÃO VEJO NADA DE VAZIO NESSE TEXTO.
Vazio é quando não há sentimentos.
Ações e palavras são cheias de vida.

bonito e real.

Anônimo disse...
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