domingo, 12 de abril de 2009

Curtas


Coisas que chegam na ilha:

"- Você me ama?
- Você é meu filho.
- Mas você me ama?
- Mais ou menos...
- Hum...
- E você me ama?
- Daria tudo pra ter metade do talento que você tem...Eu tenho talento?
- Não.
- Nenhum?
- Nenhum.
- Quando foi que você perdeu o interesse em mim?
-...Vamos embora hoje...
- Mas eu não posso ir hoje...
- Você gostou dela, menos mal, pensei que fosse gay..."

(livre adaptação de “xxy”)


Eu, o outro. Norma, a exceção. Simples, o complexo. Toda minoria já sentiu o que é não fazer parte de um grupo. Todo grupo sabe o que é desprezar um outro grupo. A multiplicidade de nossa espécie não está em nosso gênero nem em nossa raça, essa noções existem, mas são extremamente ínfimas perante uma diversidade do que aqui chamarei de cultural. Cultural em um sentido mais abrangente de opinião, onde gostos, tendências, religião, mídia, e etc, tudo se mistura e influi no eu, toda complexidade do outro. Ele não deixa de ser Eu e nem o outro de não ser ele, mas nessa invasão muito do que somos se choca com o que gostaríamos ou não de ser, de forma resumida, com tudo o que não somos. O ser humano é volúvel acima de tudo, e nessa volubilidade adquirimos o dom da escolha, o dom de trilharmos nosso próprio caminho, e visto a grande gama de opções a qual nos impõem o mundo não podemos dizer hoje que escolhas sejam feitas de forma errada ou certa dentro de um padrão moral e social que é tão fragmentado e múltiplo quanto o próprio homem. Mas então por que certas ações ainda tanto nos chocam, será que é porque batem de frente com o que somos e com o que não queremos ser? Será que é quando o outro faz algo do qual não admitimos pra nos é que não conseguimos compreendê-lo? É no limite que se impõem a relação social, a relação humana, no limite do que não sou que vejo o outro se formando.

Imagem da Divulgação do Filme (XXY)

2 comentários:

O empírico disse...

Somos todos tão diferentes e tão iguais no final das contas...

friocomopedra disse...

uma beleza