sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Estátua



Voltei. Quanto tempo foi? Quanta coisa mudou? Quem será que sentiu falta?

Foram oitenta e nove dias. Muita coisa mudou, novamente expulsei aquilo que não queria e mais uma vez só eu me encontro neste blog. Li Nelson Rodrigues, muita coisa mudou, muita coisa muda. Só os reclamões sentem falta. Aqueles que mal me viram chegar já me apontam o dedo com suas perguntas e seus medos, o mais puro temor.

Eu me fui porque os temia, agora já não temo mais. Tenho tanta coisa pra temer não vou temer dedos que me apontam feridas que eu já conheço, afinal são minhas. Que se fodam os moralistas, que se foda a moral dos dedos. Apontem para o cu que lhes é mais familiar e de preferência para os seus próprios cus.

É, Nelson influência. Espero não cercear também. Ir além. Mas não quero mais ir a lugar nenhum. Isso também mudou. Começo a ficar satisfeito somente pelo fato de existir. Piegas? Que seja, e vocês ai apontem o dedo para outro a partir de hoje.

***

O vinho entrando e o sangue saindo. Seria uma boa forma de morrer pensou ele. Parece uma bonita forma de se morrer, morrer sozinho em uma cadeira com um mar de sangue no chão e um gosto de vinho na boca. Cartola toca ao fundo na vitrola antiga de seu avô. A poesia não lhe agrada, parece-lhe morta, um pouco lenta demais pra tudo que quer dizer e sentir. A prosa lhe agrada muito mais.

Alegria; era o que faltava em mim; uma esperança...

A! Cartola.

Viver é tão bom a beira de morrer, a beira da loucura, a! que prazer em viver. Queria virar pedra. Pensou, que assim que a ultima gota saísse se imortalizaria em pedra. A pedra não sangra.

Solido, como a mão do amante na carne nua, que a desfigura na impulsão de sua pegada. Ainda tinha o cheiro do sexo dela entre os dedos. Amora, cheirava a amora.

Pedra, viraria pedra cheirando a amora.

Imagem de Sir Lawrence Alma-Tadema
Música Like A Star - Corinne Bailey Rae

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