Minha cabeça parece que vai explodir. Não dói, é mais um frenesi, uma vontade de sair correndo e gritando sem nenhuma razão aparente.
A casa esta toda fechada, chove e faz frio lá fora. Aqui dentro só meus pés descalços sentem frio. A casa fechada e inepta realiza um contraponto com a minha cabeça que por isso parece querer se livrar do meu corpo, avançar no tempo, realizar tudo de uma vez. Escrevo uma peça de teatro com dez paginas, inicio um romance com índice e descrição dos personagens, penso em uma revista sobre filosofia prática e crítica, e também em assinar uma assim, faço um roteiro para apresentar um filme as pessoas, penso em filmar um filme, começo um roteiro, destruo um roteiro, planejo um minicurso, idealizo debates departamentais dos quais ainda não participo, penso em ver um filme, desisto do filme, levanto sento deito, escorrego me arrasto durmo.
Ejaculo ideias como um tarado presidiário, elas grudam nas paredes e depois de meia hora já se tornam repugnantes. Tento continua-las, mas elas me enojam me envergonham. E depois de mais meia hora tudo de novo.
Minha cabeça parece que vai explodir. Não dói, é mais um frenesi, uma vontade de sair correndo e gritando sem nenhuma razão aparente.
Imagem de René Magritte
Musica As Tears Go by - Marianne Faithfull
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