domingo, 25 de janeiro de 2009

Curtas



Family
Famille
家庭
Familie
Οικογένεια
Famiglia
家族
가족
Семья
Família

Infelizes daqueles que não tem uma, pois são cegos de não verem a sua
Biológica ou não, sem importar o sentido que você dê, todos temos alguém pra chamar de lar.

Imagem de Lucas Vorsterman

domingo, 18 de janeiro de 2009

Vigésima Quarta


Na vigésima quarta ilha me apaixonei. Lá descobri o canto e a destreza de um João ninguém, mas aquele ninguém eu queria só pra mim. Porém quando disse que eu o levaria comigo na minha viajem, foram essas palavras que eu ouvi:

- Medo. É isso que você sente em me amar. Medo. É isso que você sente em amar qualquer um. É a incerteza do meu dia somada a incerteza de si mesmo que gera a insegurança que você sente. E o engraçado que pra ouvir o meu canto você me prende. Acusa me de coisas que eu não fiz e me limita em si mesmo. Só que você não vê, ou talvez só finja não ver, a verdade é que passaro que canta acuado morre solitário ou deixa de cantar. Infelizmente, pra você, sou joão-de-barro safo, e essa jaula em que me prendes foi feito é por mim mesmo, e sendo dela mestre eu a qualquer momento me livro dessa casa e vou morar é debaixo do céu. Acha que eu estou te expulsando? Muito pelo contrario se quiser venha comigo, mas cá comigo acredito que na liberdade fria do mundo preferirá o doce aconchego de teu medo muito bem vivido.

Ele quis me levar com ele, só que viagem de passaro sabe-se como é, são poucas as horas em que se tem o pé no chão. Preferi seguir meu próprio caminho dentro da minha fortaleza marina que era minha cama. Nunca mais vi aquele João ninguém. Só estávamos eu e as flores novamente.

Na vigésima quarta ilha, um ano depois, lá estava o João ninguém a se lamentar:

- Como queria ter nascido bicho racional pra carecer de amor.


Imagem de Federigo Andreotti

domingo, 11 de janeiro de 2009

Curtas


“Cada uma que passa me leva um pedaço. E todas juntas não me fazem inteiro.”

Eu ia escrever mais, até que esta frase que está ai em cima virasse um curta. Porém vendo-a assim, meio de longe, me parece ter formado um quadro tão belo que não tenho coragem de dar-lhe nem mais um ponto. Não tendo escolha prefiro dizer que esse texto é um curtíssimo, do que alongar o que já foi dito de forma tão breve.

Imagem de Sir Lawrence Alma-Tadema

domingo, 4 de janeiro de 2009

Curtas


A vi.


Entrei no bar e a vi. Não sei como pude assim de primeira bater meus olhos com os dela, mas sei que quando a vi ela também me via. Tremi. Estava com uns amigos, entretanto depois daquele momento não estava mais entre eles, flutuava em meus próprios desejos. Seus olhos negros mesmo na escuridão me acertaram. E que porrada eu levei. Sua boca levemente molhada entre um gole e outro, de alguma bebida que eu não sei dizer qual, me seduziam. E por mais que me chamem de mentiroso, confesso que só queria saber seu nome. Como sonhar com alguém que não se sabe o nome? Sentado, na mesa com eles não conseguia tirá-la da cabeça. Como detesto as mulheres. Eu a olhava e ela me olhava, mas alguma coisa dentro de mim dizia que se eu fosse até lá e puxasse qualquer tipo de assunto ouviria um “hoje não”. Talvez fosse pelo meu histórico. Mas o que realmente me irrita é que só tem um jeito de se descobrir isso. Pedi uma cerveja, a minha quarta da noite, meu numero da sorte, olhei novamente para o balcão que era onde ela estava. Que desilusão tive quando não a vi mais. Ela tinha ido embora. De ímpeto levantei e perguntei ao garçon que fica atrás do balcão se a moça havia fechado a conta, ele me disse que sim. Sai. Na rua não a vi. Havia perdido ela. Mas como se perde alguém que não se conhece? Não sei. Porém era esse o sentimento que me assolava a alma.


Não mais a vi.


Imagem deWilliam-Adolphe Bouguere