O cigarro entre os meus dedos.
Aceso.
Queima, um filete de fumaça dança ao sabor do vento, lembrando o bailar de uma lenta valsa de Beethoven escritas no período em que já encontrava surdo. Olhando-o parei de vê-lo pela primeira vez, foi estranho, mas passando o desconforto inicial pude aproveitar as sensações que o mesmo me colocava. Entre meus dedos trêmulos ele se consumia e com a ponta amarelada deixava um rastro de cinzas que insistiam em se agarrar ao filtro que parecia não as quer mais, elas haviam sido expulsas. Tive nojo do ser do cigarro que pendia em outro ser que era a minha mão, aquele amarelar cheirando a fumaça me era estranho, eram estranhos a mim, na verdade minha mão mesma era estranha a mim. O mundo se tornou um outro, tão distante, tão não-eu que tive medo, medo que ele por vontade própria quisesse me consumir. E parecia que conforme queimava, queimava a mim também.
Estou cansado, tiraram a beleza do mundo.
Analisam o mundo como o escultor que observa a sua obra, como se tevesse saído deles a beleza e no seu desvelamento subjetivo mascaram o real através de mesquinharias egoístas. Não sei se o mundo é ou se sou eu que o faço ser, acho que os dois acontecem ao mesmo tempo. Então na medida em que me modifico o mundo ao redor também muda, mas não muda por inteiro, existe algo de duro, sólido, compacto no mundo mesmo que eu nem ninguém será capaz de talhar ou modificar, JAMAIS.
Colocamos a sílaba “pós” nas palavras e achamos que com isso representamos algo. Se não possui identidade própria é porque não é. Nada de nomearmos pós nada, por favor.
Imagem de Paul Gauguin
Musica Estrangeiro - Caetano Veloso
Um comentário:
a bicha nao sai pq tem mta coisa pra fazer e tem uma apresentaçao da qual o texto ainda faltava mt. Com toda essa complicaçao, ela fica postando no blog... daí me paciencia heheahaeheahe
abs
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