domingo, 27 de abril de 2008

Laura


Toda vez que terminavam suas intensas discussões, transavam, e era simples, como o ponto que se espera sempre ao final de cada frase. E era em ato, tudo novo, suavam. Intrigante era como a raiva dos dois se dissipava, ainda estando com raiva, se faziam por um entre e sai de um sexo selvagem, com unhas, urros, dentro de um ritmo mais animal do que humano, e no fim, sem esperança, não sei ao certo de que, nem um pingo de amor, o gozo, que os limpava de toda raiva, como o pus de uma espinha exprimida até seu fim. Dormiam, fumavam e riam dos seriados americanos na teve no final de cada madrugada. Se entreolhavam como objetos, não havia mais sentimento entre os dois, nem o de rancor, depois do sexo eram apenas dois corpos.

Foi então que ela resolveu voltar a sentir, e passou uma semana evitando telefonemas, campanhias e gritos que a chamassem em um bom tom. Fumava o dobro, eram quase três maços de Malboro por dia, se perdia na janela e na fumaça de seu apertado e quente apartamento em botafogo. Na sua cabeça, a idéia de um verdadeiro fim, mas não sabia como dá-lo a ele, por isso, escondeu-se do mundo e de si mesmo, pintava coisas que não queria, chorava por filmes que não vira. Até que ele parou de procurá-la, e ela rejuvenesceu. Ela não precisava mais se esconder, respirava para encher os pulmões de vida. E, agora sim, tudo era tão mais simples e saboroso.

Eu, da janela do meu apartamento, de frente para o dela, tudo vi. Foi então, quando a vi chorando, escondendo-se do mundo e, principalmente, de si, que decidi parar de procurá-la. Parei de ligar, de tocar sua campanhia e de gritar-lhe em bom tom de baixo de sua janela. Depois de um tempo, ela não mais se escondia, respirava para encher os pulmões de vida, e tudo lhe parecia mais simples e saboroso. Quanto a mim, o que posso dizer? Continuo a vê-la, porém, agora quem chora, se esconde do mundo e de si sou eu, a diferença, é que ela nem me nota.

Imagem de Sir Lawrence Alma-Tadema

Gritado Por:

Sweet Silent - http://petalla.blogspot.com/ -

Adrian Troccoli - http://criticareconstrutiva.blogspot.com/ -

2 comentários:

Vicky disse...

É meu caro,esse texto ficou bom,espero que seja uma de nossas muitas parcerias literárias.E aguardo a sua nova produção,ansiosamente,mas aguardo.
baiser =*

Natalia Vieira disse...

"Quanto a mim, o que posso dizer? Continuo a vê-la, porém, agora quem chora, se esconde do mundo e de si sou eu, a diferença, é que ela nem me nota."

Gostei muito!!!
Esse trecho em especial, as vezes é preciso estar no lugar do outro p ver o q provocamos!
Muito bommm!!ararra
Vamos aos 30!!rsrs
bjon