domingo, 25 de maio de 2008

Curtas


Três chipanzés conversavam, sentados em sua jaula, dentro do zoológico, um surdo, um cego e um mudo. O Surdo, que por não ouvir, se dava ao trabalho de prestar uma atenção muito maior nas coisas começou, e aqui faço um adendo; mesmo surdo ele sabia falar, de uma forma meio atabalhoada, é verdade, mas não me convém demonstrar, entretanto vale a pena explicitar pra impor a realidade necessária ao assunto. Direcionando-se ao Mudo o Surdo perguntou a ele se estava por dentro dos últimos acontecimentos do zoológico e aquele acenou que sim com a cabeça. O Surdo continuou dizendo que achava um absurdo o que o Orangotango fez com seu filhote, que do alto de uma árvore o largou sem dó nem piedade, e ainda acusou um mico que passava e nada tinha com aquela situação, em pensar que parte da culpa foi por causa uma macaca, animais concluiu o Surdo. O Mudo então pedindo licença tomou a palavra, e escrevendo disse que o pior de tudo é o fato do Orangotango ter sido transferido para uma jaula melhor, parece que nesse zoológico quanto pior o crime, mais branda é a sentença. Animais, conclui também o Mudo. O Cego que nada havia visto mais que muito havia escutado por fim se pronunciou, com a seguinte pergunta para os outros dois agora então calados: E então caros amigos, de tudo isso o que concluímos? Que nossas leis não funcionam? Que nossos criminosos não são punidos? Ou que nada fazemos para que isso aconteça?

E por fim o Cego concluiu: -Animais que somos.

Não banalizem a morte nem a violência, não banalize a dor alheia e principalmente, não banalize sua própria dor, por favor, pois eu já o fiz.

Imagem de Salvador Dali

Um comentário:

Vicky disse...

concluo: Animal.
Banalizar dores é pesado,é cruel,pq ou vc é um poeta exagerado ou um vulgar desesperado.Sê comum em dores não banaliza,alivia...
Au revoair.