domingo, 8 de junho de 2008

Homem na rua


Não há melhor Academia que a vida, e também, por mais incoerente que possa parecer, não há pior. Encontrando com um homem na rua, não sei seu nome, e não saberia definir seu rosto, se tentasse, me limitaria a dizer que era sujo. Ele me disse palavras sabias das quais mal pude escutar. O abacaxi se não fosse gelado seria como água e o cachorro quente se não fosse quente seria como mato. Logo depois o mandaram pastar. Não sei se tem algum sentido, entretanto com certeza tem um significado, mesmo que esguio. O que faz sentido não são as palavras mais sim os significado que fazemos delas. O que são palavras de um idioma desconhecido, não deixam de ser palavras, isto é indubitável, porém não fazem sentido algum se delas não tiramos significados. Fico me perguntando, que significados tinham as palavras daquele homem. Será que aquele homem morrerá hoje? Será que alguém irá compreender algo do que ele disse? Será que eu morrerei hoje? Será que alguém compreenderá algo que eu disse?

Poeira dos tempos dentro de minhas narinas. Minhas excreções comportam o tempo que já vivi. O amarelamento dos meus dentes denunciam a idade da minha vinda, e prenuncia a idade a minha ida, mas jamais pronunciarão a idade da minha volta. Excreções de um amor não correspondido saem virulentas como vermes do meu corpo. A beleza da vida esta na flor que sobrepõem nossas covas. A escuridão de sentimentos nunca escurecerão a beleza dos mesmos sentimentos vistos de um outro angulo. Fim e começo, começo e fim. Entendam que só o meio podemos perceber, o resto é pura suposição.

Oi, como vai?

Eu vou bem, e você?

A mais ou menos, sabe como é.

Não, não sei, mas acho que estou prestes a descobrir.

Profundidade. Profundeza. Ser humano.


Imagem de Hieronymus Bosch

Um comentário:

Natalia Vieira disse...

Com suas prórpias palavras:
"Excreções de um amor não correspondido saem virulentas como vermes do meu corpo. A beleza da vida esta na flor que sobrepõem nossas covas. A escuridão de sentimentos nunca escurecerão a beleza dos mesmos sentimentos vistos de um outro angulo. Fim e começo, começo e fim."